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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Meu Gigante

Aquelas mãos enormes parecem tão fortes, são feitas de pedra e osso e aço, parecem tão grandes e fortes que podem segurar o mundo todo entre os dedos.

Esse era meu gigante vindo de longe de algum lugar sem nome, mãos enormes sobre o volante e as janelas sempre fechadas. Trazia um história de cada parada, uma mordida de cada canto do mundo, tantas histórias não lhe escapavam da memória, tão fortes aquelas mãos.

Meu gigante herói, partia árvores no lombo de feras selvagens, estávamos sempre a salvo do medo que meu gigante agarrava com as próprias mãos e arremessava para o meio da lagoa por entre pedras e caramujos, estas mesmas mãos que rasgavam a terra em duas nos embalavam tarde da noite até que o sono nos envolvesse.

Meu gigante parece tão forte, suas mãos tão grandes, tão poderosas, podiam rasgar a terra e abraçar o mundo, mas ainda assim não poderam segurar um casamento, não puderam segurar seus filhos - podia destruí-los, mas não podia protegê-los.

Meu gigante vinha sempre de longe, de um lugar que tinha muitos nomes, nenhum deles eu sei, sua carruagem branca anunciava sua chegada, o piso baixo, as mordidas do mundo. Hoje meu gigante veste um manto de silêncio, suas mãos fortes, enormes, tão poderosas aquelas mãos, deixaram tanta coisa escapar; a lagoa, as pedras e os caramujos estão todos lá, os medos adormecidos do fundo do mundo, eu ainda espero a carruagem, meu gigante, as mãos de pedra que nos envolvem enquanto a noite não vem.

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