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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Radical livre

Eu já nem lembro direito por quantos blogs eu passei, mas sei que as coisas começaram ainda no ensino médio com o Commentatio, éramos eu, Fred e Bruno já arriscando umas frases de efeito, de quando em vez uma poesia rimada, algumas citações ainda sem referência ou qualquer coisa assim, e a coisa esquentava e esfriava esporadicamente, alguns meses de pico, outros de silêncio absoluto, e em um desses invernos a coisa toda foi abortada por um desafio logistico: a maldita queda do servidor, perdemos todos nossos arquivos, dos quais pessoalmente eu havia escrito pouco mais de uma centena.

A coisa recomeçou mas já havíamos perdido aquela força e o blog ficou respirando em pulmões de aço por certo tempo antes de decidirmos puxar o plug.

Tempos depois decidi começar meu próprio blog, sendo um completo selvagem catando milho no teclado recebi ajuda do Gui que me presenteou com um template e futuramente com uma extensão em seu domínio, sem encargos, era uma época em que as coisas estavam em alta, faculdade de Filosofia engatinhando e todas aquelas coisas para serem ditas, e não havia lugar melhor pra vomitar tudo isso.

As coisas que acontecem, bem, aconteceram; a a coisa esfriou de novo, aos poucos fui deixando de publicar muita coisa, mas se bem me lembro fui adepto dos manuscritos por um bom tempo, e é claro que dividir o apartamento com alguém com quem eu podia conversar sobre essas coisas que nos enchem a cabeça ajudava bastante, arte, música, e as coisas iam pro papel, as últimas páginas do caderno ou qualquer lugar onde eu pudesse colocar as mãos.

Não sei quanto tempo levei pra recomeçar um blog, só sei quem um dia veio o Quarto, e ele veio pelos motivos de sempre, lá coloquei as coisas de sempre, vindas sempre do mesmo lugar, eu que sempre fui melhor com o papel do que com a boca acabei me reencontrando, mas invariavelmente escrever é uma coisa muto solitária, e ficar sozinho traz a tona certas criaturas que moram lá no fundo do peito e que nos arrastam para lugares que nem são muito saudáveis de se visitar, ainda mais se nos identificamos mais com essa escrita melancólica que envenena. É por isso que eu nunca escrevi ininterruptamente, porque minha cabeça só aguenta certa quantidade dessa toxina, que vicia, que adoece, que mata.

Entre as doses desse veneno me tornei cada vez mais resistente, e cada vez mais eu era incapaz que chegar naquele lugar onde nos encontramos com essas criaturas, aquele quarto escuro que escondemos sob o tapete. Aparentemente a felicidade, enquanto nos arranca da luz de velas, tembém seca a tinta da caneta.

Mas o problema nunca é a felicidade, o problema é estar tão dependente dessa toxina que a mente paralisa em sua ausência, aquela melancolia toda que sempre nos empurrou enfaticamente na direção de um certo estilo mais naturalmente adquirido, mas que não é de maneira nenhuma exclusiva, tende a dificultar o desenvolvimento de uma caligrafia livre, que não depende da chuva e daquelas faixas do Thomas Newman.

Bom, essa é minha tentativa de ser radical.

E livre.

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